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Esses últimos dias tenho andado reflexivo com alguns comentários que vi em minhas postagens.

Vi muitos profissionais atribuírem a culpa pelas más práticas, aos clientes, como por exemplo; “As clientes é que sempre pedem para colocar mais força na massagem”.

Vi também alguns culpando os patrões (donos de clínicas), dizendo; “A gente quer fazer o certo, mas a dona manda fazer do jeito deles”.

E ainda alguns que culpam os “cursinhos de fim de semana” pelas tragédias  e bizarrices que ocorrem diariamente no meio estético, manchando a imagem da categoria.

Mas afinal de contas, de quem é a culpa?

Então vamos por partes observar em cada afirmação acima quem deveria assumir a parcela de culpa pelas práticas que levam à lesões corporais e danos aos clientes, por vezes até irreversíveis.

“As clientes é que sempre pedem para colocar mais força na massagem”

Eu sempre digo aos meus alunos que o cliente não tem a obrigação de saber questões fisiológicas envolvidas no processo de tratamento estético, mas nós (profissionais) sim. Hoje se criou uma falsa ilusão de que a cliente é “informada”. Mas na verdade na grande maioria das vezes, as fontes de “informação” que as clientes têm, são blogs, Youtube e revistas estilo Ti Ti Ti (aquelas mesmas que ensinam como emagrecer 10 kg em uma semana com chás milagrosos e outras aberrações de matar qualquer nutricionista do coração).

Então como lidar com uma cliente que acha que sabe sobre um procedimento?

Devemos primeiro de tudo, ter domínio do tratamento que estamos realizando, e buscar bases científicas (fisiologia, bioquímica, cosmetologia, eletroterapia e outros) para sustentar nossas práticas. Porque se as nossas bases de “conhecimento” foram as mesmas das nossas clientes, o que teremos de diferente delas? Quem será a profissional da história?

Lembrem-se;

INFORMAÇÃO e FORMAÇÃO não são necessariamente a mesma coisa!

Sobre a afirmação;

“A gente quer fazer certo, mas a dona manda fazer do jeito deles”.

O mercado da Estética é um dos mais aquecidos no Brasil e no mundo, e isso é uma faca de dois gumes. É bom porque traz visibilidade para a profissão como um todo. Mas é ruim porque o crescimento no geral, infelizmente não tem vindo acompanhado de qualidade.

Empresários deslumbrados com o crescimento, enxergaram na área da estética uma excelente oportunidade de investimentos e retorno rápido. E não estão errados, pois segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) o setor de produtos e serviços na área da estética cresceu mais de 300% em todo o país, tendo um faturamento que superou R$ 42 bilhões em 2013.

Porém o que tem ocorrido, é que muitos empresários estão migrando dos mais variados ramos de atuação, e não têm, nem tampouco buscam formação específica na área. Se alimentando muitas vezes das mesmas fontes de “conhecimento” daquele cliente que pensa estar informado (Blogs, Youtube e Ti Ti Ti).

E o que fazer enquanto profissional?

Sou da opinião que se você é realmente o profissional do local, então você é a AUTORIDADE do assunto. É claro que para isso você deve ter um bom embasamento científico para suas práticas e argumentos. Convide seu patrão para um diálogo amigável e explique detalhadamente suas técnicas e mecanismos fisiológicos que as justificam. Com certeza você vai adquirir confiança e autonomia para executar a boa prática, com conhecimento.

Mas ele/ela é médico!?

Mais um motivo para você mostrar que nós Esteticistas também podemos dominar conhecimentos científicos relacionados às nossas práticas!

O que não dá mais para acontecer é você lesionar física e psicologicamente a sua cliente, porque o seu patrão mandou você fazer isso ou aquilo.

Por fim, o tema mais polêmico;

Os temidos “cursinhos de fim de semana”

Mas seriam mesmo os tais cursinhos os verdadeiros vilões da história?

Infelizmente ainda não temos leis específicas que regulamentem carga horária mínima, entre outros parâmetros para os denominados cursos livres na área da estética.

Então ocorre que muitos indivíduos e “instituições de ensino” se propõem a “formar profissionais” em longos ou curtos espaços de tempo, muitas vezes sem se importar com o conteúdo programático dos cursos. Negligenciando conteúdos BÁSICOS à formação de qualquer PROFISSIONAL DA SAÚDE, como anatomia, fisiologia, bioquímica, farmacologia, cosmetologia entre outros conteúdos científicos. E não respeitando critérios mínimos na escolha dos Instrutores/Professores destes cursos.

Isso traz ao mercado pseudoprofissionais que são VÍTIMAS de um ensino que pagaram (muitas vezes com sacrifício) mas que não os formou de maneira adequada. Porém ao mesmo tempo estes indivíduos são de alguma maneira VILÕES, quando acomodam-se à formação insuficiente que tiveram e não buscam progredir ao longo dos anos.

Todo profissional que se propõe atuar em um ramo é TOTALMENTE RESPONSÁVEL pela sua auto-evolução dentro deste segmento.

E deve preocupar-se constantemente com o aperfeiçoamento e ampliação de seu currículo por meio da EDUCAÇÃO FORMAL, no nosso caso cursos TÉCNICOS, SUPERIORES e PÓS GRADUAÇÕES (O céu é o limite).    

Não podemos de maneira nenhuma generalizar, nem tampouco menosprezar os cursos livres, que desempenham um excelente papel na FORMAÇÃO DE BASE dos profissionais que decidem por não iniciar diretamente em um curso técnico ou superior.  

Devemos alertar que é necessário o compromisso com o CONHECIMENTO CIENTÍFICO por parte dos donos das Instituições de Ensino, Professores Autônomos, Instrutores, e demais profissionais que ministram os cursos livres na área. Que estes possam sempre introjetar na mente de cada aluno que a FORMAÇÃO BÁSICA não é o fim, e sim o princípio de uma caminhada na construção do profissional de excelência. E que este deve estar alinhado com às constantes mudanças que ocorrem diariamente no meio científico, e que alteram nossa maneira de atuar e de ver as técnicas que outrora aprendemos.

Ps. Enquanto não há legislação específica, nem órgão regulador para desenvolvimento de resoluções e deliberações, os profissionais com formação básica (cursos livres) portadores de certificação, estão atuando dentro da legalidade, e lei é lei, doa a quem doer.

Ps. 2 Preferencialmente compartilhe o texto, mas caso queira copiar, favor citar referência do autor.

Prof. Ricco Porto

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Ricco Porto

Esteticista e Cosmetologo. Pós Graduado em Estética Facial e Corporal, Gestão e Docência em estética, Educador, Pós graduado em Docência do Ensino Superior. Mestrando em Educação. Membro representante da Federação Mundial de Massoterapia (World Massage Federation) desde 2014. Sendo a primeira escola Brasileira com esse título. Docente em cursos de Estética e Massoterapia, atuando como profissional dessas áreas há mais de 17 anos. Palestrante Internacional em Workshops, Simpósios e cursos. Diretor do Instituto Ricco Porto desde 2007.

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