Por muitos anos acreditava-se que as manipulações massoterápicas pós atividade auxiliavam na eliminação do ácido lático, bem como se acreditava que a massagem não tinha nenhum efeito sobre processos inflamatórios. Eu mesmo aprendi assim há 10 anos. Mas aí vem a ciência, essa linda, e mostra que é tudo ao contrário do que se pensava. Ah como eu amo a ciência!
Pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canadá, descobriram que uma massagem de dez minutos de duração após atividade física ou sob a dor da inflamação crônica, ajuda a reduzir a inflamação nos músculos. Como um tratamento sem medicamentos, a massagem guarda o potencial de ajudar não apenas os atletas cansados, mas também aqueles que sofrem de inflamações relacionadas a condições crônicas, como artrite ou distrofia muscular, diz Justin Crane, estudante de doutorado do Departamento de Cinesiologia da universidade.
Enquanto a técnica costuma ser bem aceita como uma terapia para aliviar tensões musculares e dores, os pesquisadores analisaram se ela também aciona sensores bioquímicos que podem enviar sinais de redução de inflamação nas células musculares. Além disso, a massagem sinaliza para o músculo para ele formar mais mitocôndrias, os centros de poder das células que desempenham um papel importante na cura.
O mais importante é que ninguém nunca olhou dentro do músculo para ver o que está acontecendo com a massagem, ninguém olhou os efeitos bioquímicos ou o que poderia estar acontecendo dentro do músculo – disse Crane. – Mostramos que os sensores do músculo são esticados e parecem reduzir a resposta das células inflamatórias. Como consequência, a massagem pode ser benéfica no auxilio a cura de uma inflamação.
Crane afirmou que os pesquisadores de McMaster são os primeiros a tomar para análise uma terapia manual, como a massagem, e testar o efeito usando uma biópsia muscular para mostrar como ela reduz a inflamação, um fator subjacente a muitas doenças crônicas. A pesquisa foi publicada na revista “Science Translational Medicine”.
Para o estudo, os pesquisadores acompanharam 11 homens na casa dos vinte anos. Na primeira visita, a capacidade dos homens de se exercitarem foi avaliada. Duas semanas depois, eles fizeram exercícios numa bicicleta por mais de 70 minutos, até um ponto de exaustão, quando eles não conseguiam pedalar mais. Eles então descansavam por dez minutos. Durante esse intervalo, um Massoterapeuta realizava o tratamento em uma coxa usando uma variedade de técnicas comumente aplicadas em Massagem Desportiva Pós Atividade (Terapêutica) e não fazia nada na outra coxa.
Biópsias musculares eram feitas nas duas coxas e repetidas duas horas e meia depois do descanso. Descobriu-se que a massagem ativou o mecanoceptores e vias de sinalização quinase de adesão focal (FAK) e regulada por sinal extracelular quinase 1/2 (ERK1 / 2), potenciado biogênese mitocondrial sinalização [receptor ativado por proliferadores de peroxissoma nuclear ? 1? coactivator (PGC-1?)] e mitigado o aumento do fator nuclear kB (NFkB) (p65) acumulação nuclear causado por trauma muscular induzida pelo exercício.
A massagem atenuou a produção de citocinas inflamatórias fator de necrose tumoral-? (TNF-?) e interleucina-6 (IL-6) e reduzido a proteína de choque térmico 27 (HSP27 ) fosforilação, diminuindo assim o estresse celular resultante de lesão de células musculares. Crane admitiu ficar surpreso que apenas 10 minutos de massagem tivesse um efeito tão profundo:
“Não achava que um pouco de massagem poderia produzir uma mudança tão grande, especialmente quando o exercício era tão profundo. Setenta minutos de atividade comparado a dez minutos de massagem: é claramente potente.” Diz Crane.
Os resultados sugerem que a massagem age sobre a dor muscular pelo mesmo mecanismo biológico que a maioria dos medicamentos contra dor e pode ser uma alternativa efetiva. Crane completou dizendo que a pesquisa mostrou uma ideia falsa muitas vezes repetida: a massagem não ajudou a reabsorver o ácido lático dos músculos fatigados.
Concluímos que não dá para ter o senso comum como base para suas práticas. Saia do comodismo e estude, investigue, questione informações. Profissionais, é hora de acordar. Conhecimento é poder!
Referência: J. D. Crane, D. I. Ogborn, C. Cupido, S. Melov, A. Hubbard, J. M. Bourgeois, M. A. Tarnopolsky, Massage Therapy Attenuates Inflammatory Signaling After Exercise-Induced Muscle Damage. Sci. Transl. Med. 4, 119ra13 (2012).
Imagem: www.clubdofitness.com.br
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Texto e Tradução; Prof. Ricco Porto